Eu era bem jovem quando lhe conheci, ainda não me conhecia a mim mesmo. Tínhamos nossos encontros todos os dias após o colégio, você me deu a oportunidade de matar minha curiosidade, de ver um pouco a vida de um lado mais maduro, mais adulto, porém devasso. Sua condição de enfrentar com audácia a vida me excitava. Acompanhar-te foi sem dúvida uma grande aventura, minha inocência estava a um fio de ser propriamente extinta. Ao seu lado, ingenuidade e pecado caminhavam lado a lado como parceiros inseparáveis. Com você tive a oportunidade de descobrir minha valiosa essência, nos arriscávamos a cada dia, vivíamos por algo que literalmente não se fundia, éramos fantasiados constantemente pelos desejos e nossas bruscas descobertas. Quando você me deixou, eu já não era mais o mesmo, a minha identidade derradeira chegara e consigo viera também a incerteza de sua aceitação própria, você havia virado minha vida pelo avesso.
Aprendi que nessa vida podem arrancar tudo de nós menos nossa verdade, nosso caráter. E nem volte baby, meus pais juraram-te de morte se caso apareceres, mas quero nessas linhas dizer o quanto foi bom conhecer você, agradecer-te pelas aventuras pecaminosas e desastrosas nossas, me sentia um trombadinha com você, alucinado pelos cantos mal trapilhos com uma expressão de revolta deste mundo asqueroso. Hoje essas lembranças existem apenas na minha memória. Do avesso recomeçei minha vida, minha história, agora sem medo.