Anjo

Na dor da perda,

Na busca incessante da razão,

Mesmo assim, ouso indagar a seguinte frase:

Como poderia um anjo ferir-me o coração?

Como um sentimento na firmeza de sua essência,

Poderia dilacerar as emoções em um ser?

Pois bem, foi tudo tão rápido,

Quando dei por mim,

Uma escuridão aterrorizava-me,

Parecia querer-me consumir por inteiro.

Porém, o que restara então,

Era a esperança de ter você de volta,

E essa esperança é a luz que ilumina os meus pensamentos,

Afastando a escuridão ofegante.

Você, com o teu brilho púrpuro,

Com sua delicadeza em suas ações,

Com o cuidado que tinhas por mim,

Pelo zelo que me guardava,

Tudo isso me cativava,

Era de se admirar a auréola que continha em sua fronte.

Você é meu anjo, meu ar,

O brilho que fulminou e salvou minha vida,

Que reascendeu a chama do amor em mim,

Que retirou-me da escuridão presente.

Mas não fui-te fiel meu anjo querido,

Não fui fiel a teus mandamentos,

Deixei-te de lado,

Tu que eras a fonte do puro amor,

E como se não bastasse,

Fui deleitar-me em meio às cisternas,

De onde se exalavam apenas o mau cheiro de suas escórias.

E nessa estúpida ilusão,

Tive que te ver partir,

E minh’alma clamava em dor sua própria inexistência.

Mas por que? Como?

Como poderia um anjo ferir-me o coração?

Anjo, você foi o percussor dos meus sentimentos,

Tu me curaste desta aflição,

Sem ao menos propriamente merecer.

Mas o teu brilho reascendeu o amor em meu peito

Que antes se omitia devido ao medo,

Mas tu arrancaste a indiferença absurda contida até então,

Que não permitia a entrega desse sincero amor.

Mas tua decisão foi repentina,

E decerta forma isso preocupou-me

 O medo de ver-te sem o brilho de seu sorriso,

Sem admirar a incrível auréola contida em ti,

O medo me acompanha instantes profundos

A vida nos propicia diversos caminhos a seguir,

Espero que em um desses caminhos que você escolher,

Não lhe seja destituído tua franca personalidade,

Espero que esse caminho não lhe seja contido uma personalidade devassa, sombria,

Algo que não se assemelha a ti.

Não deixes que lhe cobrem com o manto da frieza,

E que não se atrevam a coroar-te com a coroa do orgulho,

Que inibe qualquer virtude que tínheis antes,

E que não se compara com seu jeito angelical de ser.

Amo-te meu anjo,

E esta ferida dói,

Sei que sou o grande percussor dela,

Mas sei que o teu brilho clamará mais alto,

E quem sabe

Eu possa ser o teu valioso caminho meu anjo,

Pois acredite, é você que eu quero,

Meu anjo, meu tudo...